O MÉTODO

Tudo começou quando Roberta Silva e Cléo Cavalcantty, viajaram em março de 2002 para Belo Horizonte rumo a 3ª Edição do ECUM, Encontro Mundial de Artes Cênicas. Neste congresso de teatro, conheceram muitos grupos e projetos referência em todo o mundo, e decidiram trabalhar tais conteúdos em Barbacena. O formato da CAB é primeiramente inspirado no trabalho de Augusto Boal com o teatro do oprimido, visando promover um teatro de fala social e escrita ativa e criativa. Somos um grupo que se criou com o intuito de ser um reduto de pesquisa e de arte libertária, deste modo transitando por várias linguagens cênicas, vários teóricos e encenadores, indo do clássico ao contemporâneo, do lúdico ao subversivo. Outras inspirações são o Grupo Lanteri de Curitiba (1978), que trabalha um teatro "do povo e para o povo", e grupo Ponto de Partida (1980), tanto na sua ideia de mobilização cultural, quanto na promoção do fortalecimento do teatro no interior. A CAB é grata por ter tido no início de sua carreira, o apoio de Ivanné Bertola em nosso primeiro grande espetáculo que foi Morte e Vida Severina o Retrato do Brasil. Sobre outras inspirações e bases de estudo, trabalhamos as corporeidades nos baseando em técnicas de biomecânica, Laban, teatro físico, pantomima, máscaras, tendo como referência trabalhos como os de Denise Stoklos, Amok Teatro, Grupo Moitará, Grupo Garagem 21 e outros. As sonoridades se baseiam em grupos brasileiros como Galpão e Ponto de Partida, com os quais tivemos a oportunidade de estudar, assim como professores de renome como Babaya Moraes, Cláudia Vale, Cláudio Olliver e outros com técnicas de ponta. Buscamos sempre reciclagem constante, para trazer o melhor conteúdo para nossos treinamentos e mentorias. Acreditamos naquilo que chamamos "gente de teatro", um artista completo, que seja excelência em sua expertise, mas que tenha também conhecimento de todos os processos criativos e técnicos. Mas o Método Capacitor Cênico, não é só excelência profissional e uma forma específica de ensinar e fazer teatro, engloba várias outros conceitos e ações. Nosso teatro, tem uma proposta não só de arte e entretenimento, mas de engajamento e comunicação social. Buscamos um teatro profundo, filosófico, político, que mude a realidade ao seu redor, não só através das ações de palco, mas de uma postura ética, profissional e mobilizadora que vai além da cena. Prezamos pelo estudo, não só teórico, mas do meio social e dos sentimentos humanos. Buscamos fortalecer o vinculo mestre e pupilo, não numa relação hierárquica onde um se sobrepõe ao outro, mas numa relação de carinho, cumplicidade e respeito, onde ambos crescem juntos. Valorizamos a figura do professor, como um ermitão sábio, que carrega a lanterna e guia caminhos, mas que as vezes precisa descansar enquanto seus companheiros se revezam nessa árdua tarefa de crescer e buscar o impossível. Nos caminhos por onde passamos, pregamos a importância da luta e da arte transformadora, e para isso é necessário união. E não existe união sem respeito e compreensão. Para termos conquistas é necessário engajamento, militância, ideais e propósitos fortes e bem delineados. Para nós, a formação de parcerias é ponto estratégico para criação de um movimento transformador, por isso buscamos unir e criar laços por onde passamos. Prezamos pela coletividade. Prezamos pela compreensão das diferenças. Prezamos pelo amor a arte. Prezamos pela liberdade.

Sobre o documentário Capacitor Cênico - A História a Caminho de um Método

"O método? Bom... o que eu poderia dizer sobre ele? O método é o caminho, ele se faz. Não é você quem o cria. Eu não criei. Ele me criou. Criou os meus. Eu fui mestre, mas os que estiveram comigo também o foram, mas o maior deles... o método. O método flui. É como um rio. Tem seu leito. Segue seu curso quando quer, seca quando convém, e sai arrastando tudo quando bem entende. Você pode planejar se quiser, mas.... nem sempre as coisas acontecem como você planeja. Posso estar tendo uma fala anticientífica aqui? Sim. Provavelmente. Mas não é essa a intenção. Adoro a ciência. Prezo. Respeito. Todo o meu respeito a todos os teóricos teatrais que me antecederam e os que virão depois de mim. Mas é por isso que o projeto se chama "a caminho de um método", porque eu não sei te responder se eu tenho um. Acho que a questão aqui é que a gente está falando do elemento humano, e o elemento humano é sempre uma incógnita. Eu acho que eu não tenho um método. Eu tenho verdades. Tenho convicções, paixões, crenças, lutas. É assim que eu faço teatro. É assim que eu aprendi. É assim que eu ensino. É assim que eu vivo o teatro. E nos momentos que deixei de viver assim, adoeci. Aliás... de tantas quedas... estou voltando agora... Vou contar um pouco dessa história. Talvez ela pareça confusa, talvez para os outros ela não tenha o mesmo peso e significado que tem pra mim, talvez no final a gente perceba que tudo é um delírio pessoal meu. Coisa de artista. Se no final vocês que vão apenas assistir não entenderem... me desculpem. Espero, que pra quem fez parte da história, tenha valido a pena. E se mesmo pra quem fez parte, não foi tão relevante assim... digo que pra mim, foi e é... uma viagem INDESCRITÍVEL!!!"

 

(Beta Silva)